quarta-feira, 4 de junho de 2014

CHINESES RELEMBRAM 25 ANOS DO MASSACRE NA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL


No 4 de junho de 1989, o governo chinês colocou fim aos dois meses de ocupação estudantil da praça central da capital, Pequim, graças a uma violenta intervenção militar, que provocou a morte de mais de 2 mil pessoas e deixou outros milhares de feridos, segundo dados da Cruz Vermelha chinesa.


Tida como um dos mais importantes episódios da história recente da China, a contestação contra o regime do Partido Comunista Chinês (PCC) continua banida dos livros escolares e é tema censurado no país.

Nesta quarta-feira, são esperadas manifestações em Hong Kong, Macau, Taiwan e comunidades chinesas ao redor do mundo, enquanto na China as autoridades intensificaram a campanha de "manutenção da estabilidade", para evitar ações em memória do massacre da Praça de Tiananmen, mais conhecida no Brasil como Praça da Paz Celestial.

A China vê o protesto em 89 como uma ação "contrarrevolucionária" e até hoje não divulgou um número oficial de mortos provocados pela repressão.

Em entrevista coletiva na terça-feira na capital chinesa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Hong Lei, afirmou que, nas últimas três décadas de reforma e abertura, grandes realizações da China no desenvolvimento econômico e social têm recebido atenção mundial. "A construção da democracia e do Estado de direito continuam sendo aperfeiçoados".

AVANÇO ECONÔMICO

Defensor da abertura econômica intensificada pelo atual governo do presidente Xi Jinping, Charles Kwong, professor de economia chinesa da Open University of Hong Kong, afirma que a China viveu nestes últimos anos um crescimento espetacular.

Para o economista, as duas principais mudanças na estratégia do país no plano econômico são: a passagem de uma economia central planificada para uma economia de mercado; e a consolidação da China como um ator central da globalização em termos de comércio, investimento e participação em organizações internacionais.

"Uma das principais contribuições da reforma na China é ter provocado uma grande redução na miséria. De acordo com as estatísticas chinesas, atualmente há no máximo 25 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, em um país de 1,3 bilhões de habitantes. A China aumentou seu PIB, a renda familiar e o consumo", aponta.

Mas apesar da relativa melhoria nas condição de vida da população apontada pelo especialista, muitos problemas ainda persistem, como a poluição e a desigualdade social. Alex Chow, secretário da Federação de Estudantes de Hong Kong (HKFS na sigla em inglês), diz que a prosperidade econômica não foi suficiente para garantir a liberdade no país.

"Nada mudou nesses últimos anos, na verdade. O que nós enfrentamos agora é corrupção e pobreza, o mesmo que os estudantes de 89 enfrentaram", alega.

Para o representante desta instituição fundada em 1958 e que reúne atualmente cerca de 80 mil jovens, a reforma constitucional é a mais urgente. "Essa era uma das questões centrais reivindicadas há 25 anos atrás e ainda é necessária para consolidar um sistema democrático", se exalta.

CENSURA

Em entrevista à BBC Brasil, a diretora da Anistia Internacional Hong Kong, Mabel Au, também não vê muitos avanços por parte do PCC na proteção da liberdade de expressão. "A censura continua, o governo aperta o controle em determinadas épocas do ano, principalmente nos dias que antecedem o 4 de junho. Nesse ano, a abrangência da ação foi maior", observou.

Na última semana, a Anistia Internacional divulgou uma lista com o nome de cerca de 50 ativistas presos ou perseguidos pelas autoridades chineses nas semanas que antecederam a data.

Organizações em defesa dos direitos humanos avaliam que pouco mudou do ponto de vista democrático nas últimas décadas no país. "O governo chinês continua não reconhecendo que o 4 de junho foi um erro e uma violação dos direitos humanos. A imprensa continua extremamente controlada pelas autoridades, mesmo a imprensa internacional na China não tem liberdade para trabalhar.

O PROTESTO NA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL

O Protesto na Praça da Paz Celestial (Tian'anmen) em 1989, mais conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial, ou ainda Massacre de 4 de Junho consistiu em uma série de manifestações lideradas por estudantes na República Popular da China, que ocorreram entre os dias 15 de abril e 4 de junho de 1989. 

O protesto recebeu o nome do lugar em que o Exército Popular de Libertação suprimiu a mobilização: a praça Tian'anmen, em Pequim,capital do país. Os manifestantes (em torno de cem mil) eram oriundos de diferentes grupos, desde intelectuais que acreditavam que o governo do Partido Comunista era demasiado repressivo e corrupto, a trabalhadores da cidade, que acreditavam que as reformas econômicas na China haviam sido lentas e que a inflação e o desemprego estavam dificultando suas vidas.

O acontecimento que iniciou os protestos foi o falecimento de Hu Yaobang. Os protestos consistiam em marchas (caminhadas) pacíficas nas ruas de Pequim.

O estopim dos protestos na praça da Paz Celestial foi a morte de Hu Yaobang, ex-secretário geral do Partido Comunista chinês. Pelas ideias reformistas, ele havia sido expulso do governo por Deng Xiaoping em 1987. Em 15 de abril, Yaobang morreu após sofrer um ataque cardíaco, criando um estopim para a manifestação estudantil.

Devido aos protestos e às ordens do governo pedindo o encerramento dos mesmos, se produziu no Partido Comunista uma divisão de critérios (opiniões) sobre como se deveria responder aos manifestantes. A decisão tomada foi suprimir os protestos pela força, no lugar de atenderem suas reivindicações. 

Em 20 de maio, o governo declarou a lei marcial e, na noite de 3 de junho, enviou os tanques e a infantaria do exército à praça de Tian'anmen para dissolver o protesto. As estimativas das mortes civis variam: 400 a 800 (segundo o jornal estadunidense The New York Times), 2.600 (segundo informações da Cruz Vermelha chinesa) e sete mil (segundo os manifestantes). O número de feridos é estimado em torno de sete mil e dez mil, de acordo com a Cruz Vermelha. 

Corpos de manifestantes misturados a bicicletas são vistos na praça da Paz Celestial, depois da repressão do Exército chinês ao protesto pró-democracia no local. Estima-se que de 300 a 4.000 pessoas tenham morrido no conflito entre Exército e manifestantes

Diante da violência, o governo empreendeu um grande número de arrestos para suprimir os líderes do movimento, expulsou a imprensa estrangeira e controlou completamente a cobertura dos acontecimentos na imprensa chinesa. A repressão do protesto pelo governo da República Popular da China foi condenada pela comunidade internacional.

No dia 4 os protestos estudantis se intensificam muito. No dia 5 de junho, um jovem solitário e desarmado invade a Praça da Paz Celestial e anonimamente faz parar uma fileira de tanques de guerra. O fotógrafo Jeff Widener, da Associated Press, registrou o momento e a imagem ganhou os principais jornais do mundo. O rapaz, que ficou conhecido como "o rebelde desconhecido" ou o homem dos tanques" foi eleito pela revista Time como uma das pessoas mais influentes do século XX. Sua identidade e seu paradeiro são desconhecidos até hoje.

A imagem de um manifestante diante de uma coluna de tanques tornou-se ícone do massacre da Paz Celestial. A foto chamada de "O Rebelde Desconhecido de Tiananmen" . O homem solitário, que jamais foi identificado, ganhou o apelido de "tank man" (o homem do tanque).













   

Nenhum comentário:

Postar um comentário