Morreu na madrugada deste sábado (17), aos 93 anos, em decorrência de uma broncopneumonia um dos maiores ícones da televisão brasileira, Silvio Santos, comunicador que fundou o SBT. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein havia sido internado desde o dia 1º de agosto.
Em foi internado em julho com H1N1, recebendo alta no dia 20 daquele mês. Retornando para o hospital no início de agosto.
A assessoria de imprensa do SBT confirmou a notícia e publicou um texto de despedida ao comunicador. “Hoje o céu está alegre com a chegada do nosso amado Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros”, dizia o comunicado.
Silvio Santos deixa a viúva Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978 e teve as filhas Daniela Patrícia, Rebeca e Renata. Também deixa as filhas Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977.
O apresentador foi um dos maiores nomes da televisão brasileira, em especial à frente do Programa Silvio Santos, que comandava desde 1963, e do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), que entrou no ar em 1981.
Silvio Santos tinha como nome de batismo Senor Abravanel, nascido em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Seus pais, Alberto e Rebeca, eram imigrantes de origem judia, e ele era o mais velho de cinco irmãos.
Estudou contabilidade e, no tempo livre, trabalhava como camelô nas ruas do Rio de Janeiro, vendendo canetas e capas de plástico para títulos de eleitor nas eleições de 1946. Na mesma época, começou a fazer pequenos trabalhos de locução de rádio, mas desistiu da profissão por achar o salário baixo. Ele voltou a ser camelô.
Aos 18 anos, em 1948, serviu o Exército na Escola de Paraquedistas. Aos domingos, trabalhava para uma rádio no Rio. Após sair do exército, continuou como locutor, entre outros trabalhos, como a venda de anúncios em caixa de som na barca Rio-Niterói. Foi nas viagens de barca que Silvio teve a ideia de colocar músicas para os passageiros ouvir. O negócio deu certo, e ele trocou o emprego de locutor para ser corretor de anúncios do alto-falante da embarcação.
Mas a comunicação sempre foi um traço forte do então vendedor. Para chamar a atenção das pessoas, ele aprendeu a fazer truques com moedas e baralhos.
Foi um diretor de fiscalização da prefeitura do Rio que fez com que Silvio entrasse de vez no mundo da comunicação. À época, ele tentou impedir que o vendedor continuasse atuando nas ruas, mas percebeu que Silvio tinha uma boa voz e o levou para fazer um teste em uma rádio.
Em 1950, Silvio Santos se mudou para São Paulo, depois de fazer um passeio pela cidade. Naquela época, ele encontrou um antigo colega de uma rádio do Rio e resolveu fazer um teste para locutor em uma emissora paulista. Acabou sendo aprovado.
Em 1954, Silvio assinou com a Rádio Nacional e criou uma revista com passatempos para complementar a renda. Ele também passou a fazer shows em circos como animador e acabou sendo convidado por Manoel de Nóbrega para trabalhar em um programa que tinha grande audiência no rádio.
Em 1954, Silvio assinou o primeiro contrato fixo como locutor, na Rádio Nacional de São Paulo. Depois, foi chamado pelo empresário Manuel de Nóbrega para ser animador de seu programa na Rádio Nacional.
Ele assumiu em 1958 a empresa Baú da Felicidade, que era antes de Manuel de Nóbrega. No ano seguinte, passou a fazer shows em circos para vender os carnês da empresa.
No mesmo ano, no dia 7 de fevereiro, ele estreou seu primeiro programa televisivo, o “Hit Parade”, na TV Paulista.
Em 1961, Silvio começou na televisão com o programa “Vamos Brincar de Forca” na TV Paulista, que no ano seguinte foi comprado pela TV Globo). Ele comprou duas horas da programação de domingo da emissora e aproveitava para vender os carnês do Baú. Mais tarde, a atração passou a se chamar “Programa Silvio Santos”.
Em 1965, ele passou a ser apresentador também na TV Tupi. Os programas tiveram vários nomes: “Festa dos Sinos", "Sua Majestade: o Ibope", "Cidade contra Cidade" e "Silvio Santos Diferente".
Em 1975 ele venceu a concorrência para adquirir o Canal 11, do Rio de Janeiro, e no ano seguinte, inaugurou a TVS. Em 1976, ele saiu da TV Globo. Seu programa passou a ser transmitido nas TVs Tupi e TVS do Rio.
Silvio ganhou outras concessões e, em 1981, entrou no ar o SBT, uma das várias empresas do seu grupo, onde o Programa Silvio Santos viraria a principal atração, com quadros inesquecíveis como “Domingo no parque”, “Qual é a música”, “Show de calouros” e “Porta da esperança”.
A capacidade de segurar o público no programa de variedades que chegou a durar mais de dez horas, o domínio da plateia e da audiência com bordões como “Vem pra cá, vem pra cá” e “Quem quer dinheiro?” atestavam o carisma do apresentador.
Silvio também fez sucesso cantando marchinhas de carnaval, como “Coração Corintiano” e “A pipa do vovô”, registradas em álbuns entre os anos de 1970 e 1990.
Em 1989, Silvio Santos anunciou que seria candidato a Presidente do Brasil duas semanas antes do primeiro turno da eleição, mas a candidatura foi indeferida pelo TSE uma semana depois.
Setores do Partido da Frente Liberal planejaram lançar a candidatura do empresário Silvio Santos, filiado à legenda desde 1988. Porém, o comunicador sairia por outra agremiação: o Partido Municipalista Brasileiro (PMB).
PMB havia lançado Armando Correia, que se dispunha a renunciar. Assim, foi criada a chapa com Silvio Santos e o senador paraibano Marcondes Gadelha como vice.
A entrada de Silvio na corrida eleitora causou impacto e a Justiça Eleitoral recebeu 18 pedidos de impugnação da chapa. De acordo com pesquisas realizadas na época, a candidatura de Silvio Santos atingiu a preferência de cerca de 30% do eleitorado.
Contudo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou a candidatura ilegal, por não respeitar o prazos previstos em lei. Assim, em 9 de novembro de 1989, em decisão unânime, a Corte impugnou a chapa Silvio Santos-Marcondes.
Entre os anos 1980 e 2000, Silvio apresentou vários programas de TV. “Topa Tudo Por Dinheiro”, “Show de Calouros”, “A Porta da Esperança”, “Em nome do amor”, “Qual é a música” e “Show do Milhão” estão entre os clássicos.
Em fevereiro 2001, Silvio Santos foi homenageado no Carnaval do Rio pela escola de samba Tradição.
Em agosto do mesmo ano, sua filha Patrícia foi sequestrada por sete dias. Depois que ela foi solta, o sequestrador invadiu a casa de Silvio em São Paulo e o fez como refém por sete horas. O governador de SP na época, Geraldo Alckmin, foi até o local, conversou com o sequestrador, e ele se entregou.
Em 2010, foi descoberto um rombo bilionário em uma das empresas do Grupo Silvio Santos, o Banco Panamericano - mais tarde, em 2018 sete ex-diretores foram condenados pela fraude. Em 2011, Sílvio Santos vendeu o Panamericano para o BTG Pactual.
Em dezembro de 2020, Silvio Santos comemorou 90 anos sem celebrações públicas, isolado por conta da pandemia, ao lado das filhas. Em agosto de 2021, voltou a apresentar seu programa pela primeira vez desde 2019. Semanas depois deste retorno, ele contraiu Covid-19 e foi internado. Ele se recuperou e voltou a gravar o seu programa, mas não no ritmo de antes.
Ao longo dos anos do Programa Silvio Santos, o apresentador colecionou algumas polêmicas durante a sua trajetória. Em 2019, durante o quadro “Perguntas para o auditório”, Silvio perguntou ao público como se chamava o pai de Adolf Hitler, enquanto esperava por respostas do público, ele repetia a saudação nazista “Heil, Hitler”. Na época, a Federação Israelita do Estado de São Paulo disse que a ação foi “uma brincadeira totalmente inapropriada” com um “tema com o qual não se brinca”.
No programa, o apresentador também fazia diversos comentários machistas. Em 2022, ele foi condenado pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização de R$ 50 mil para uma criança por ter participado de uma competição no programa e quando ganhou o prêmio Silvio perguntou o que ela achava melhor “sexo, poder ou dinheiro?”.
Silvio Santos é um marco na história da televisão brasileira. Ao longo dos últimos 60, criou um jeito próprio de fazer televisão. Com mudanças na grade, pouco espaço para jornalismo, programas inovadores e apostas que poucos fariam, como o seriado Chaves e as novelas mexicanas.
Em sua emissora, lançou nomes como Gugu Liberato, Celso Portioli, Eliana, Mara Maravilha e, mais recentemente, Maisa e Larissa Manoela.
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