sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

HOMEM É VELADO EM BAR COM CERVEJA LIBERADA E RODA DE SAMBA

Noel Rosa já dizia "Quando eu morrer/ Não quero flores/ Nem coroa com espinho / Só quero choro de flauta / Violão e cavaquinho". Esse também era o desejo de Gleisson Silva, boêmio famoso de Cachoeiro de Itapemirim, que foi velado em um bar, rodeado de amigos, com cerveja liberada e muito samba até o sol raiar.

Gleisson morreu aos 68 anos, era casado há 44 anos e tinha quatro filhos. Flamenguista doente e portelense de coração, Seu Gleisson era dono de um bar no bairro Ilha da Luz há mais de 30 anos.

"Meu pai, quando ia ao velório de algum amigo, voltava triste e cabisbaixo. E ele sempre dizia: 'no meu velório não quero tristeza, quero samba, quero ser velado dentro do bar'", conta Glaucio Fragosos da Silva, 42 anos, filho e atual dono do bar.

Fã de um baralho e de uma cerveja, Gleisson teve o pedido atendido. Segundo a família, ele teve um acidente vascular cerebral na terça-feira de Carnaval, após uma viagem para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e foi internado em um hospital da cidade. Dois dias depois, Gleisson sofreu três paradas cardíacas e acabou falecendo na manhã de sexta-feira (12).

O corpo de Gleisson chegou ao bar às 11 horas do mesmo dia para ser velado. Amigos e familiares de Vitória, do Rio de Janeiro e de Cachoeiro começaram a aparecer, numerosos. "Acho que ao todo, entre idas e vindas, umas três mil pessoas passaram para ver meu pai. É muito bom saber que seu pai quando morre é bem quisto", conta Glaucio.

Com o grande número de visitantes chegando para prestar as últimas homenagens ao Seu Gleisson, a rua na frente do bar foi rapidamente tomada de pessoas e carros. A comoção foi tão grande que a Guarda Municipal teve que intervir para impedir que o trânsito fosse totalmente bloqueado.

O sol foi baixando e os amigos do samba foram chegando, cada um trazendo seu instrumento. Em uma roda de samba improvisada, eles tocaram os clássicos do samba que tanto agradavam ao falecido. "Quando o negócio animava demais alguém gritava 'fala baixo que vai acordar o veio'", lembra Glaucio.

O batuque seguiu noite adentro e só parou de manhã, quando era a hora de levar o corpo para sepultamento. Gleisson Silva foi enterrado no cemitério municipal do Coronel Borges por volta das 8 horas da manhã de sábado (13).

No total, foram consumidas 11 caixas de litrão de cerveja, 20 caixas de latão e 15 litros de cachaça. Tudo de graça, para chorar a morte do bon vivant. "Foi muito bom ver todo mundo, receber as pessoas que meu pai tanto gostava. Era uma pena que ele não pode aproveitar com a gente", conclui o filho.

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