Com sessão lotada e aplaudido de pé por mais de dois minutos, o
longa-metragem rodado no Maranhão e produzido pelo grupo Éguas Coletivo
Audiovisual, foi destaque na programação do 36º Festival Guarnicê de Cinema.
Juntos, os integrantes do grupo subiram ao palco durante a cerimônia de
encerramento do Festival para receber os troféus que concederam a Kenny Mendes
e Marcela Rocha o prêmio de Melhor Direção de Arte, e a Lauande Aires o de
Melhor Ator.
Antes da exibição do filme, o grupo subiu ao palco para falar um pouco sobre a produção e agradecer a platéia pela presença |
Logo após a entrega dos prêmios, um problema na leitura
dos premiados levou o júri a se manifestar em relação à entrega do prêmio de
Melhor Direção de Longa-metragem, não realizada até o final da solenidade. Em
seguida, o festival reavaliou a lista de entrega e anunciou a concessão do prêmio
a Lucian Rosa, pelo filme Luíses, e encerrou a cerimônia pedindo desculpas pelo
ocorrido.
Após a participação do filme no Festival Guarnicê
de Cinema, vários espectadores se manifestaram positivamente nas redes sociais.
"Que obra incrível, com certeza virou o filme preferido de muita gente (ja
é o meu), a força desta obra vai elevar o nome do cinema maranhense aos clássicos nacionais",
postou no facebook o estudante de história Ruan Mota. O sócio-proprietário da
distribuidora Petrini Filmes, Raffaele Petrini, afirmou em crítica no seu blog:
"Luíses é mais que um filme, é um grito poderoso. É cinema de guerrilha,
anárquico e livre. É nosso".
Com influências do tropicalismo e surrealismo, roteiro explora os elementos regionais e propõe a criação de um movimento cultural genuinamente maranhense |
O grupo foi indagado sobre as próximas exibições do filme. Em resposta, lançaram uma nota na página do Éguas Coletivo Audiovisual informando que se dedicará inicialmente ao circuito de festivais, e em seguida promoverão exibições em praças públicas, salas de aula, cineclubes, espaços de cultura e disponibilizarão a obra para download na internet.
O filme
Com 75 min., “Luíses - Solrealismo Maranhense” é uma mistura de ficção e documentário que retrata a vida do ludovicense sob uma ótica crítica da sociedade. O roteiro utiliza o mito da serpente que cresce adormecida nos subterrâneos da cidade e faz uma analogia com a mobilização popular. Neste contexto, o filme mostra a história dos vários Luíses que compõem a cidade, em especial a de Luís Calado, que no dia em que a serpente acorda, tenta se fazer ouvir.
A história ficcional é entrecortada por vários depoimentos, em que jornalista, advogado, funcionários de hospitais, pacientes, ativistas, líderes populares e moradores de rua denunciam a corrupção no poder público e o descaso com a cidade. O real e o imaginário caminham juntos nessa história que dá início ao Solrealismo. “Inspirados no filme MA 66 do Glauber Rocha, nós tentamos trazer, com pitadas de elementos do surrealismo e do tropicalismo, além de elementos regionais (por isso o nome Solrealismo), a expressão de um anseio por mudança que cresce não só em nós, integrantes do coletivo, mas em toda a sociedade. Tentamos usar tudo isto para mostrar a possibilidade de mudança que a mobilização e a arte trazem, por isso propomos um novo movimento cultural”, afirma Keyciane Martins, a produtora.
Cena de making of em praia de São Luís |
Este é o primeiro longa-metragem produzido pelo
grupo. A ideia de fazer o filme surgiu logo depois da formação do Éguas
Coletivo Audiovisual, há pouco mais de um ano. O grupo, bastante heterogêneo, é
formado por integrantes de várias naturalidades, todos com raízes fincadas em
São Luís e envolvidos em atividades. Keyciane conta que a equipe se uniu logo
após participarem de uma atividade das oficinas do Festival Guarnicê de Cinema
do ano passado. “Depois do Guarnicê, resolvemos montar um grupo para não perdermos
contato e nos encontrávamos toda terça-feira no Chico Discos, no centro.
Pensamos inicialmente em fazer um cineclube, mas aí a ideia de produzir foi
ganhando forma e acabamos criando juntos o roteiro do Luíses”, explica.
Com um orçamento limitadíssimo de apenas R$1200,
dinheiro arrecadado em pedágios e na Festa Solrealística (realizada durante o
período de gravações), artistas, músicos e atores da cidade se empenharam
voluntariamente em um esforço colaborativo para garantir um trabalho
profissional na produção do filme. Destacam-se as atuações de artistas
maranhenses como Raphael Brito e Lauande Aires, e a trilha sonora com
composições de Criolina, Zeca Baleiro, Celso Borges, Marcos Belfort, Carlos
Silva Jr. e Ricardo Wayland e Ricardo Passos.
Foto e texto: O Imparcial
Lauande Aires, após premiação postou em seu facebook a seguinte declaração:
Esse tão merecido prêmio de MELHOR ATOR no 36º
Festival Guarnicê de Cinema, nada mais é que a resposta do trabalho de um jovem
escritor, compositor, ator, diretor... que em relação a seu ofício um dia
escreveu “ [ ...] deixei-me adicionar por outros rios-amigos e encharcar-me da
necessidade de encontrar a arte-mar! As curvas que em mim habitam só acentuam a
retidão do meu desejo e creio que a estas voltas, apesar de correr em
condições de produção tão desmatadas, e por vezes temer certos assoreamentos,
sigo na certeza de que já não haverá barragem que me suporte “ .
Foto: Lauande Aires |
PARABÉNS LAUANDE AIRES, SIGA
FIRME EM BUSCA DE NOVAS CONQUISTAS!!
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