Três dias depois da rebelião ocorrida na
Penitenciária de Pedrinhas, que resultou na morte de três detentos, a família
de uma das vítimas, o borracheiro Elson de Jesus Pereira, de 43 anos, que foi
decapitado, denuncia que o crime poderia ter sido evitado, uma vez que a vítima
deveria ter sido conduzida até um setor condizente com sua pena, que foi por
receptação, após ter comprado pneus roubados, no ano de 2009. O borracheiro, no
entanto, foi transferido para a penitenciária, sendo que, duas semanas antes, ele
estava preso no Centro de Triagem, naquele Complexo Penitenciário. No dia do
motim, a direção do presídio divulgou outro nome para o detento decapitado,
enquadrando-o como pertencente à facção criminosa “Bonde dos 40”, o que também
deixou seus familiares insatisfeitos.
Ontem, à tarde, o Jornal Pequeno compareceu ao
velório do detento, na Borracharia Vitória, localizada na Avenida dos Africanos
– no Sacavém, de propriedade de Elson de Jesus, e conversou com a mulher da
vítima, Tereza de Jesus Furtado, 44. ‘Dona’ Tereza revelou que o marido não era
um criminoso, sendo condenado apenas por uma mera fatalidade, já que não tinha
conhecimento da origem ilícita do produto adquirido, quatro pneus roubados.
Na ocasião, por meio de uma denúncia, agentes da
Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) se deslocaram até aquela borracharia,
comprovando a irregularidade do produto. O detento decapitado aguardou, em
liberdade, a sentença condenatória. A 4ª Vara Criminal da Capital expediu um
mandado de prisão contra Elson, pelo crime de receptação, e a vítima foi
conduzida, pelos investigadores da DRF, ao Centro de Triagem, em Pedrinhas, no
dia 19 de setembro deste ano. “Por que, então, transferiram o meu marido para
um local altamente perigoso, cheio de assassinos e traficantes? Ele deveria ter
sido encaminhado para outro local, longe dessas pessoas”, indagou Tereza de
Jesus.
Elson foi decapitado em rebelião na penitenciária de Pedrinhas |
Durante a rebelião, ocorrida na terça-feira (1º), a
cabeça de Elson foi lançada para longe do corpo. O tumulto teve início após o
juiz Roberto de Paula, da 1ª Vara de Execução Penal, ter determinado a
transferência de 35 presos – que seriam integrantes do “Bonde dos 40” – da CCPJ
do Anil até a Penitenciária de Pedrinhas, sendo que, destes, somente 18 foram
deslocados, causando revolta dos criminosos de outra facção, conhecida como
Primeiro Comando do Maranhão (PCM), que estavam alojados naquele setor. Cerca
de 40 detentos pertencentes ao PCM invadiram um dos pavilhões, onde estavam os
transferidos, e iniciaram o massacre.
Elson de Jesus Pereira tinha três filhas, sendo que
o nome da borracharia foi escolhido em homenagem a uma delas, Vitória, a
caçula, de 12 anos, que sofre de paralisia cerebral. A família da vítima,
agora, pretende processar o Estado pela morte do detento. No portão da casa,
localizada em cima da Borracharia Vitória, os familiares colocaram uma enorme
faixa pedindo justiça. O corpo do detento foi sepultado no Cemitério do Gavião,
na Madre Deus, na tarde de ontem (3), às 16h.
** Elson foi morador da Rua Nossa Senhora do Carmo no Coroadinho
Fonte: Jornal Pequeno
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