sábado, 5 de outubro de 2013

FAMILIA DESMENTE QUE HOMEM DECAPITADO EM PEDRINHAS SERIA MEMBRO DE FACÇÃO CRIMONOSA

Três dias depois da rebelião ocorrida na Penitenciária de Pedrinhas, que resultou na morte de três detentos, a família de uma das vítimas, o borracheiro Elson de Jesus Pereira, de 43 anos, que foi decapitado, denuncia que o crime poderia ter sido evitado, uma vez que a vítima deveria ter sido conduzida até um setor condizente com sua pena, que foi por receptação, após ter comprado pneus roubados, no ano de 2009. O borracheiro, no entanto, foi transferido para a penitenciária, sendo que, duas semanas antes, ele estava preso no Centro de Triagem, naquele Complexo Penitenciário. No dia do motim, a direção do presídio divulgou outro nome para o detento decapitado, enquadrando-o como pertencente à facção criminosa “Bonde dos 40”, o que também deixou seus familiares insatisfeitos.

Ontem, à tarde, o Jornal Pequeno compareceu ao velório do detento, na Borracharia Vitória, localizada na Avenida dos Africanos – no Sacavém, de propriedade de Elson de Jesus, e conversou com a mulher da vítima, Tereza de Jesus Furtado, 44. ‘Dona’ Tereza revelou que o marido não era um criminoso, sendo condenado apenas por uma mera fatalidade, já que não tinha conhecimento da origem ilícita do produto adquirido, quatro pneus roubados.

Na ocasião, por meio de uma denúncia, agentes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) se deslocaram até aquela borracharia, comprovando a irregularidade do produto. O detento decapitado aguardou, em liberdade, a sentença condenatória. A 4ª Vara Criminal da Capital expediu um mandado de prisão contra Elson, pelo crime de receptação, e a vítima foi conduzida, pelos investigadores da DRF, ao Centro de Triagem, em Pedrinhas, no dia 19 de setembro deste ano. “Por que, então, transferiram o meu marido para um local altamente perigoso, cheio de assassinos e traficantes? Ele deveria ter sido encaminhado para outro local, longe dessas pessoas”, indagou Tereza de Jesus.

Elson foi decapitado em rebelião na penitenciária de Pedrinhas

 A família de Elson também está indignada com o fato de que não houve um comunicado imediato e oficial da penitenciária sobre a morte do detento, sendo que eles só ficaram sabendo do ocorrido na manhã de quarta-feira (2), por volta das 7h, quando uma das filhas do casal ouviu, durante uma reportagem em uma emissora local sobre a rebelião, o nome do borracheiro na lista dos mortos no confronto. No dia do motim, a direção da Penitenciária de Pedrinhas divulgou, erradamente, o nome Flávio Rodrigues Coelho Pereira como se fosse o detento decapitado. “Erraram nesse ponto, e também por terem anunciado que Elson era integrante do ‘Bonde dos 40’; coisa totalmente absurda, já que ele era um trabalhador, pai de família, honesto e guerreiro”, declarou Sílvia Helena, 33, cunhada do preso.

Durante a rebelião, ocorrida na terça-feira (1º), a cabeça de Elson foi lançada para longe do corpo. O tumulto teve início após o juiz Roberto de Paula, da 1ª Vara de Execução Penal, ter determinado a transferência de 35 presos – que seriam integrantes do “Bonde dos 40” – da CCPJ do Anil até a Penitenciária de Pedrinhas, sendo que, destes, somente 18 foram deslocados, causando revolta dos criminosos de outra facção, conhecida como Primeiro Comando do Maranhão (PCM), que estavam alojados naquele setor. Cerca de 40 detentos pertencentes ao PCM invadiram um dos pavilhões, onde estavam os transferidos, e iniciaram o massacre.

Elson de Jesus Pereira tinha três filhas, sendo que o nome da borracharia foi escolhido em homenagem a uma delas, Vitória, a caçula, de 12 anos, que sofre de paralisia cerebral. A família da vítima, agora, pretende processar o Estado pela morte do detento. No portão da casa, localizada em cima da Borracharia Vitória, os familiares colocaram uma enorme faixa pedindo justiça. O corpo do detento foi sepultado no Cemitério do Gavião, na Madre Deus, na tarde de ontem (3), às 16h.

** Elson foi morador da Rua Nossa Senhora do Carmo no Coroadinho

Fonte: Jornal Pequeno

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