quinta-feira, 16 de abril de 2020

MANDETTA É DEMITIDO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

(foto: AAgência Brasil)
Henrique Mandetta, é demitido por Bolsonaro
Na tarde desta quinta-feira (16), o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, foi demitido de suas funções pelo presidente Jair Bolsonaro . 

“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, comunicou o ex-ministro em seu Twitter.

O relacionamento entre Bolsonaro e Mandetta já está desgastado há semanas. Isso porque o chefe do Executivo acusou o titular da Saúde de “falta de humildade”. Sem citar nomes, afirmou que membros do seu Governo viraram estrelas e “falam pelos cotovelos”. Também destacou que não teria medo de usar a caneta contra eles.

“A hora dele não chegou ainda não, a hora dele vai chegar. E a minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor, e ela vai ser usada para o bem do Brasil”, afirmou a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.

Mandetta já havia ficado perto de ser afastado na semana anterior. O presidente, no entanto, teria voltado atrás da decisão de demitir o subordinado a partir de conselhos de integrantes da ala militar do governo.

A pressão em torno da demissão de Mandetta voltou a ganhar força no último domingo (12), depois que o então ministro deu entrevista exclusiva ao Fantástico, da TV Globo, emissora classificada como “inimiga” pelo presidente. 

Na ocasião, Mandetta cobrou 1 discurso único do governo federal a respeito do isolamento social. Disse que os brasileiros estão “sem saber” se escutam o presidente da República ou o ministro da Saúde. Ambos têm visões diferentes sobre a melhor forma de enfrentar a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

O presidente diz que considera exageradas as medidas de isolamento social indicadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pelo Ministério da Saúde brasileiro – estas adotadas por diversos Estados e recomendadas pela maior parte dos especialistas da área.

Mandetta foi bastante elogiado por parlamentares pelas medidas contra a COVID-19, entre eles o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. O ministro pediu que a população seguisse a orientação do isolamento social proposta pelos governadores, o que contrariou ainda mais Bolsonaro.

Com 76% de aprovação, Mandetta anuncia que foi demitido por Bolsonaro

Pesquisa do Datafolha divulgada no início do mês mostrou que a aprovação do Ministério da Saúde era o dobro da do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o instituto, a pasta foi aprovada por 76% da população, enquanto o presidente recebeu aprovação de 33%.

QUEM É NELSON TEICH

Nelson Luiz Sperle Teich, 62 anos, é médico oncologista, natural do Rio de Janeiro. Tinha fortes defensores dentro do governo, atuou como consultor para a área da saúde na campanha de Bolsonaro em 2018, quando chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Saúde pela 1ª vez e acabou perdendo a vaga para Mandetta.

Saiba quem é Nelson Teich, o escolhido de Bolsonaro para o MS
Nelson Luiz Sperle Teich - Novo Ministro da Saúde

Nelson Teich, foi fundador do grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas) e também teve participação no MDI Instituto de Educação e Pesquisa, no qual era sócio de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos de Mandetta.

A empresa foi fechada em 28 de fevereiro do ano passado, mas a relação com Denizar não foi interrompida pelo encerramento da sociedade entre eles. Teich também foi consultor do secretário de setembro do ano passado a janeiro deste ano, segundo o próprio oncologista.

No inicio do mês ele publicou artigo no qual faz considerações sobre as ações de enfrentamento à pandemia da covid-19. Ele defende a criação de uma estratégia que “permita estruturar e coordenar a retomada das atividades normais do dia a dia e da economia” e reclama de “polarização” entre a saúde e a economia.

Teich também criticou abertamente o isolamento vertical, estratégia de enfrentamento ao coronavírus defendida por Bolsonaro, e disse que o chamado isolamento horizontal é a “melhor estratégia“. A discussão a respeito do alcance das medidas de distanciamento social foi um dos principais pontos de divergência entre Bolsonaro e Mandetta.

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