Ao renunciar ao governo do Maranhão nesta quarta-feira (10), a governadora Roseana Sarney (PMDB) deixa também um lista extensa de problemas que não foram resolvidos ao longo de seu quarto mandato, como alguns dos piores índices sociais do país, crescimento da violência, caos prisional e o maior número de pessoas vivendo abaixo da linha pobreza.
Com a vitória nas eleições de outubro de Flávio Dino (PC do B), esta será a segunda vez em meio século que o governo do Maranhão será comandado por alguém eleito sem o apoio da família ou sem ser um dos Sarney. Dino venceu Edison Lobão Filho (PMDB).
A outra vez que isso tinha ocorrido foi em 2006, quando Jackson Lago, morto em abril de 2011, venceu a eleição contra Roseana Sarney. Ele, porém, acabou tendo o mandato cassado em 2009, quando a filha do senador José Sarney (PMDB-AP) assumiu o poder.
Com a derrota deste ano e deixando vários problemas no Estado, o grupo já mostra ter um racha interno e segue sem um sucessor para as próximas eleições.
A 'HERANÇA' DE
ROSEANA
ESTADO COM MAIS MISERÁVEIS
Assim como todo o país, o Maranhão reduziu o número de pessoas miseráveis desde 2004. Mesmo assim, segundo o Ipea, em 2013 eram 1.174.693 pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza no Estado, ou 17,3% da população. A média é a maior entre os Estados e três vezes a nacional, de 5,2%.
VIOLÊNCIA EXPLODE
Nos últimos anos, o Maranhão viveu uma explosão de violência. Entre 2002 e 2012, a taxa de homicídios cresceu 162%, chegando a 26 por cada 100 mil habitantes --ainda menor que a média nacional, que é de 29 por 100 mil--, segundo dados do Mapa da Violência 2014. Nessa década, o Maranhão foi o terceiro Estado com maior crescimento período, atrás apenas de Rio Grande do Norte e Bahia.
CAOS PRISIONAL
No inicio de 2014, o mundo conheceu a barbárie no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Em 2013, foram 60 mortes, algumas com decapitações. Nenhum Estado teve tantas mortes como somente registrou Pedrinhas. Neste ano, já foram 19 assassinatos dentro do complexo.
LÍDER EM MORTALIDADE INFANTIL
Na última década, o Maranhão ultrapassou Alagoas na "disputa" pela lanterna em relação à mortalidade infantil. O Estado, segundo o estudo Tábua da Vida do IBGE, teve a maior taxa em 2013: 24,7 por mil nascidos vivos. A mortalidade na infância também é maior no Maranhão: 28,2 por mil.
MAIOR DEFICIT HABITACIONAL
O Maranhão tem o maior deficit habitacional do país entre todos os Estados. Em 2008, quando Roseana assumiu pela segunda vez o mandato de governadora, após a cassação de Jackson Lago (1934-2011), taxa de pessoas sem moradia era de 25,2% em relação a todos os domicílios. Em 2012, dado mais recente mostra que essa taxa caiu para 21,2%.
PIOR ACESSO À JUSTIÇA
Os moradores do Maranhão têm o pior acesso do país à Justiça, de acordo com estudo divulgado pelo Ministério da Justiça no final do ano passado. O índice leva em conta o número de profissionais, como advogados, defesa pública e juízes. Também se leva em conta o IDH. Boa parte disso se deve à falta de defensores públicos, que só atuam em uma a cada quatro municípios do Estado.
MENOR EXPECTATIVA DE VIDA
O Maranhão também é o local onde se vive menos no Brasil. O Estado é o único em que a expectativa de vida não chega aos 70 anos e ficou, em 2013, em 69,7 anos. No Brasil, essa taxa, em 2013, era de 74,9 anos. Entre os homens, a expectativa era ainda menor no Maranhão: 66 anos. Já entre as mulheres, essa esperança chega a 73,7 anos.
RENDA É MENOS DE 40% DA MÉDIA
BRASILEIRA
Os maranhenses têm a pior rendimento entre os Estados, conforme indica o IDH Renda. O Estado também é o segundo pior PIB (Produto Interno Bruto) per capita do país, segundo dados das Contas Regionais, do IBGE. Os maranhenses, em 2012, tinham PIB per capita de R$ 8.760,34, à frente apenas do Piauí (R$ 8.137,51). No Brasil, a renda per capita é quase três vezes maior que a maranhense: R$ 22.645,86.
MENOS MÉDICOS NO PAÍS
Sem conseguir atrair ou forma mais profissionais, dados do CFM (Conselho Federal de Medicina) mostram que o Maranhão é o Estado brasileiro com o maior índice de habitantes por médico - com 5.390 profissionais para 6.794.301 habitantes. A média é de um médico para cada 1.260 pessoas --mínimo recomendado pela ONU é de pelo menos um para cada 1.000 pessoas.
EDUCAÇÃO AINDA ENGATINHA
A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2013, do IBGE, apontou que o Maranhão é o segundo Estado com o maior número proporcional de analfabetos, com 19,9% do total da população sem saber ler ou escrever. O Estado estava à frente apenas de Alagoas (que teve taxa de 21,7%).
Fonte: Uol
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