sábado, 1 de julho de 2017

SUSTENTABILIDADE: BLOCOS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL SÃO PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DE MADEIRA



Sustentabilidade e inovação. O Núcleo de Tecnologia das Madeiras e Fibras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) desenvolveu uma nova tecnologia que pretende reaproveitar resíduos de madeira descartados por empresas de base florestal na produção de blocos para a indústria da construção civil.

Segundo o coordenador do Núcleo, o professor Dr. Sanatiel Pereira, o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de madeira tropical. Em virtude disso, as indústrias de base florestal repercutem a falsa concepção de que este recurso é interminável (por ser renovável). Então, descartam os resíduos de madeira a ponto de classificá-los como lixo industrial, sem qualquer preocupação com os impactos causados ao ecossistema. Em geral, os resíduos sólidos de madeira (cavacos e serragem) são descartados por meio da queima direta, muitas vezes a céu aberto, potencializando o efeito estufa.

“Esses resíduos constituem um grande problema por conta do enorme espaço que ocupam. Por falta de opção, as empresas acabam formando imensas montanhas e fogueiras para se livrar deles. A nossa ideia é contribuir com a diminuição do nível de poluição ambiental e, sobretudo, da pressão sobre as florestas tropicais naturais”, explica Sanatiel.

A pesquisa se estrutura em três etapas: a primeira consiste na identificação de resíduos de madeira coletados em indústrias no Maranhão (São Luís, Imperatriz e São Bento). Nesse momento, a pesquisa mapeia as principais espécies de madeira que geram resíduos sólidos na região. A segunda envolve a produção de blocos por meio da mistura de um aglomerante hidráulico (cimento) e diferentes tipos de resíduos de madeira coletados. Nessa fase, são feitos testes para verificar peso e grau de resistência mecânica dos blocos. A terceira etapa refere-se à construção de um projeto piloto de habitação de interesse social a partir de compósitos à base de resíduos de maneira.

Os testes foram realizados em parceria com a Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Depois de vários testes, os resultados apontam que o bloco à base de resíduos de madeira tem o dobro da resistência de um bloco tradicional de concreto e é 1/5 mais leve que este”, ressalta Sanatiel.

Impactos sociais


Além de reduzir impactos ambientais, a pesquisa também pretende desenvolver uma tecnologia de engenharia industrial para construção de componentes para habitações. Os blocos produzidos à base de resíduos de madeira constituem uma alternativa mais econômica à indústria da construção civil, o que pode gerar um novo modelo de habitação de interesse social. “Os blocos podem ajudar a melhorar a qualidade de vida de populações carentes de uma habitação mais digna, além de gerar emprego no desenvolvimento e na implantação dessa tecnologia na região maranhense”, destacou Sanatiel.

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