No dia em que deveria se definitivamente ao hexacampeonato, a Seleção Brasileira brindou o País com seu maior vexame na história das Copas do Mundo. Jogando no Mineirão, em Belo Horizonte, a equipe de Luiz Felipe Scolari levou cinco gols em 29 minutos e acabou humilhada pela Alemanha, que por fim venceu por 7 a 1. Nunca antes o Brasil foi tão surrado em uma Copa do Mundo, com direito a aplausos e “olé”.
Tiago Silva |
Uma vez antes o time levou cinco gols em uma partida, mas curiosamente terminou vencedor: na Copa de 1938, venceu a Polônia por 6 a 5. Foi a primeira vez que uma equipe fez 5 a 0 em apenas 29 minutos. O apagão brasileiro calou o Mineirão e estraçalhou o sonho do hexa de forma cruel. A equipe sem o lesionado Neymar e o suspenso Thiago Silva foi completamente dominada pela Alemanha e, sem qualquer brilho, parou no goleiro Neuer nas poucas vezes que o testou.
A seleção jogou por nove minutos. Foi o tempo que a Alemanha
demorou para descobrir que não teria adversário na semifinal da Copa do Mundo.
Quando Thomas Müller, livre dentro da área em escanteio, tocou para o gol,
ficou claro que a seleção brasileira não seria capaz de parar ninguém que
conseguisse entrar em sua área. Foi simbólico: o principal artilheiro do rival
livre, sozinho, no local mais perigoso de um campo. Treze minutos depois,
quando Klose pegou rebote de seu próprio chute, e nenhum defensor brasileiro
esboçou reação, começava a maior goleada sofrida pelo Brasil na história, e os
seis minutos mais desesperadores do futebol brasileiro em todos os tempos.
Daquele gol de Klose ao de Khedira, aos 29 minutos, por
quatro vezes a Alemanha conseguiu entrar na área brasileira e tocar para o gol
de Júlio César sem dificuldade alguma. Toni Kroos fez os outros dois, para pela
primeira vez em Copas o Brasil levar cinco gols no primeiro tempo de um jogo.
No segundo tempo, mais dois, como se brincasse, com
Schürrle. Sem dificuldades, a Alemanha desperdiçou chances como se não quisesse
marcar. Aos 45 minutos, Oscar fez o que chama de "gol de honra".
Talvez a única palavra que não possa ser usada para descrever o que o Brasil
teve nesta terça.
O melhor: Joachim Löw - O técnico alemão colocou seu
time de forma muito mais ofensiva do que vinha jogando até então - mesmo após
ser bastante elogiado pelo estilo de jogo. Com Klose no ataque, não esmoreceu
nem quando abriu 3 a 0. Mais do que isso: anotou quatro gols em seis minutos,
entre os 22 min. e os 29 min. do 1°t. As trocas que fez foram já pensando
na decisão contra Argentina ou Holanda, no próximo domingo. Depois do quinto
gol, fez sua seleção voltar ao estilo anterior: tocou a bola tranquilamente, só
esperando o Brasil possibilitar novas brechas para lances perigosos. E elas
aconteceram. Se alguém foi o principal responsável pela criação do time que
humilhou a seleção, esse é o técnico que levou ao auge um time que é trabalhado
há oito anos, desde o 3° lugar na Copa de 2006, em casa.
O pior: Luiz Felipe Scolari - O técnico da seleção
brasileira teve três dias de treino para descobrir quem substituiria Neymar no
ataque da seleção. Muito se falou sobre a entrada de Willian, no meio: não
ocorreu; foi treinada a escalação com três volantes, com Paulinho, Fernandinho
e Luiz Gustavo: também não - e talvez fosse a melhor opção, como as falhas da
defesa mostraram. O escolhido foi Bernard, que entrou na mesma função que
Neymar. A tática se manteve E nada produziu. Quando o Brasil tomou o
segundo gol e até o fim do primeiro tempo, o técnico optou por não alterar o
time. Só foi fazer no intervalo. Mas ficou preso em uma tática que a Alemanha
mostrou saber perfeitamente como destruir.
Chave do jogo: A vontade alemã, que jamais pareceu
passar. É comum se dizer que o maior respeito que um time pode mostrar é
continuar atacando em vez de brincar com a bola, humilhando seu adversário sem
ser com gols, a Alemanha levou essa ideia a outro nível. Se do outro lado havia
um time que nada fazia, por que não atacar e marcar o máximo possível? Foi o
que a Alemanha fez, para entrar na história das Copas e do futebol.
Toque dos técnicos: O Brasil não alterou seu estilo de
jogo mesmo após levar cinco gols no primeiro tempo. Entre o primeiro e o
segundo foram 13 minutos - normal nada ser feito durante um placar adverso que
parecia simples. Porém, entre o segundo e o quinto, foram três gols. Em nenhum
momento Luiz Felipe Scolari parou o jogo com uma substituição. Mesmo que não
mudasse o caminho que a partida já mostrava, poderia ter diminuído o ímpeto
alemão. A ausência do toque do técnico brasileiro terminou na maior goleada
sofrida pela seleção na história.
Para lembrar:
A última derrota em casa do Brasil em jogo oficial
havia sido também no Mineirão, em 1975, para o Peru: 3 a 1 na Copa América.
Assim, a Alemanha foi aplaudida de pé e jogou sob gritos de “olé” dos próprios brasileiros. Ela chega à sua oitava final de Copa do Mundo – são três títulos (1954, 1974 e 1990) e quatro vices (1966, 1982, 1986 e 2002). O adversário será definido na quarta-feira, quando Argentina eHolanda se enfrentam às 17h (de Brasília) na Arena Corinthians, em São Paulo (SP).
O Brasil ainda volta a campo para tentar deixar outra impressão no Mundial. Os jogadores comandados por Luiz Felipe Scolari vão enfrentar o time que for derrotado em São Paulo pelo posto de terceiro colocado. O jogo está marcado para as 15h, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF).
BRASIL 1 X 7 ALEMANHA
Data: 8 de julho de 2014
Horário: 17h00 (de Brasília)
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Marco Rodriguez (MEX)
Assistentes: Marvin Torrentera (MEX) e Marcos Quinteto (MEX)
Cartões amarelos: Dante, aos 22 min. do 2°t (BRA)
Gols: Müller, aos 9 min., Klose, aos 22 min., Kroos, aos 24 min. e aos 25 min., e Khedira, aos 29 min. do 1°t; Schürrle, aos 23 min. e aos 33 min. do 2°t (ALE). Oscar, aos 45min do 2º tempo
BRASIL: Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho, no intervalo) e Oscar; Hulk (Ramires, no intervalo), Bernard e Fred (Willian, aos 23 min. do 2°t)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
ALEMANHA: Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker, no intervalo) e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira(Draxler, aos 31 min. do 2°t), Kroos e Özil; Müller e Klose (Schürrle, aos 12 min. do 2°t)
Técnico: Joachim Löw
Fonte: Terra na Copa
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