Há exatos 20 anos, no dia 1º de julho de 1994, eram colocadas em circulação as primeiras cédulas do real. A nova moeda tinha com um de seus objetivos conter a inflação oficial, que apresentou alta de 2.477% ao final do ano anterior.
Neste período o papel-moeda brasileiro perdeu 4/5
de seu valor. Segundo um estudo do Instituto Assaf, o valor da moeda caiu 78%
no período. Assim, uma nota de R$ 100 lançada em 1994, se descontada a
inflação, estaria com um valor de R$ 22 atualmente. Uma nota de R$ 50,
valeria apenas R$ 11; a de R$ 20, R$ 4,40; a de R$ 10, só R$ 2,20; a nota
de R$ 2, valeria 0,44 centavos; e a de R$ 1, apenas 22 centavos.
No período do estudo, o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 354,74% (até março de 2014),
corroendo parte do valor do papel-moeda. Habitação foi o grupo que mais puxou a
inflação, tendo subido 655%.
Para entender a criação do real, é necessário voltar para o ano de 1986, quando o cruzeiro (moeda que estava em circulação desde 1970) deu lugar para o cruzado. Aquela moeda, lançada um ano após o fim da Ditadura Militar, pelo então presidente José Sarney, tinha com principal objetivo conter a inflação, que assombrou a população ao longo do período ditatorial.
De acordo com o professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Samy Dana, a situação econômica do País em 1994 era bastante “caótica”.
— A moeda não tinha valor, todo mundo saia correndo atrás de dólares e também tinha o problema de não servir como valor de troca.
Entre o cruzado e o real, outras três moedas diferentes passaram pelos bolsos dos brasileiros, todas elas com a mesma intenção: conter a inflação que tanto prejudicava a população nacional. Assim, o cruzado foi aceito até o cruzado novo entrar em circulação (1989 – 1990). A moeda foi ainda substituída pelo cruzeiro (1990 – 1993), cruzeiro real (1993 – 1993) e, finalmente, pelo real (1994). Na ocasião, R$ 1 tinha valor equivalente a 2.750 cruzeiros reais.
Segundo Samy, entre as principais diferenças que fizeram com que o plano real desse certo estão a transparência a respeito do plano para a população, o planejamento prévio e o não congelamento de preços.
— No Plano Real tivemos uma diferença na implementação dele. Então, ele foi executado com maior êxito.
Articuladores
Entre os principais nomes envolvidos na criação da nova moeda, ainda em 1993, estavam o do presidente Itamar Franco e do ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, que ganharia a eleição para assumir o comando do Brasil no ano seguinte.
Além dos dois nomes mais citados, também tiveram participação efetiva na criação da moeda o ministro da Fazenda durante as duas gestões de FHC, Pedro Marlan; o assessor especial do ministro da Fazenda ao longo da criação do plano, Edmar Bacha; e o secretário de política econômica adjunto do Ministério da Fazenda, Gustavo Franco.
Uma das medidas utilizadas pelos “pais do real” foi a criação da URV (Unidade Real de Valor), que visava corrigir a desvalorização inicial da moeda. A unidade era uma espécie de moeda virtual desenvolvida para ajudar na passagem do cruzeiro real para o real.
Na homenagem realizada a Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco em fevereiro, FHC lembrou que o clima tenso prevaleceu no período que antecedeu a instalação do real.
— Havia muita incompreensão. As pessoas tinham receio de que a URV fosse prejudicar os trabalhadores. Havia muita resistência de ministros, mas o presidente Itamar foi firme. Em pouco tempo, a população entendeu e aderiu. Isso é que é importante. Está na hora de tomar outras decisões — não vou dizer o que é, mas o povo sente que está na hora de apontar um novo rumo.
Moedas e cédulas
O real já passa pela sua segunda família. Na primeira delas, lançada em 1994, as características eram semelhantes em todas as moedas, com alteração somente dos tamanhos. Já na segunda família, as moedas colocadas no mercado em 2002, ganharam cores diferentes e brilho adicional.
Já na parte das cédulas, a reformulação aconteceu em 2010, quando entraram em circulação as novas notas de R$ 50 e R$ 100. Dois anos mais tarde foram reformuladas as notas de R$ 10 e R$ 20. As cédulas de R$ 5 e R$ 2 foram as últimas novidades e entraram no bolso da população, em 2013.
Apesar da modificação, as moedas emitidas na primeira geração continuam aceitas, com exceção dos extintos R$ 0,01 (moeda) e R$ 1,00 (cédula), que foi substituído pela moeda com borda dourada, devido ao custo que diminuí devido à maior durabilidade das moedas.
Atualmente, o meio circulante
soma R$ 174,3 bilhões, sendo que a nota em maior quantidade no mercado é a
de R$ 50, da 2ª família. No total, são 1,3 bilhão de notas de R$ 50 em
circulação. A nota de R$ 1, atualmente não mais produzida, ainda tem 150
milhões unidades no mercado.
Fonte: blogdobg/grifo nosso
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