segunda-feira, 6 de outubro de 2014

FARSA ELEITORAL: MANDATO COMPRADO É MAIORIA NOS PARLAMENTOS

Quem não leu, precisa ver “O nobre deputado”, livro resultado da tese de doutoramento do juiz Márlon Reis.

Nesta obra, o magistrado mostra em detalhes como ocorre a corrupção eleitoral no Brasil, resultando em parlamentos dominados por agiotas, empreiteiras e bancos.

Poucos escapam a essa regra. No geral, ganha eleição quem tiver mais dinheiro durante a campanha e decisivamente no dia de votar.

Pela regra, mandato é negócio. Eleição é investimento. Voto é mercadoria. São os três mandamentos da democracia liberal.

ELEITOR CORRUPTO

A radicalidade da corrupção eleitoral é tão violenta que produziu uma inversão na via de compra do voto, transformando a ampla maioria do eleitorado em um segmento tão corrupto quanto o candidato.
Antes de fazer qualquer promessa, geralmente mentirosa, o político é cobrado antecipadamente pelo eleitor descrente de tudo.

Durante a campanha, a compra é feita mediante tanques de gasolina, favores diversos, consultas, internações, contratos temporários de trabalho, mensalinhos, desvios de dinheiro, pagamento diário de cabos eleitorais, quitação de contas de água e luz, crédito de celular etc.

No jogo mais bruto, entram os agiotas e as empreiteiras, financiando campanhas em troca de contratos futuros.

RESSARCIMENTO E CONTRADITÓRIO

No dia da eleição, o votante vê no assédio ao candidato a única oportunidade de tomar, em migalhas, o dinheiro que lhe foi amealhado durante anos e anos em obras não realizadas, impostos não aplicados ou simplesmente em verbas desviadas.

É a famosa boca de urna, organizada em exércitos silenciosos para decidir as disputas na hora do voto.

Óbvio que há eleitores e candidatos não vinculados a essas regras, mas são minoria cada dia menor. Ainda bem que existem, para legitimar o contraditório.

Alguns candidatos buscam o chamado voto de opinião, concentrado em um segmento supostamente mais esclarecido e crítico, com relativa autonomia financeira, que não depende dos favores generalizados da política.

Essa é a exceção. Na regra, eleição é negócio. A maioria dos mandatos é comprada. No varejo e no atacado.

Essa conversa fiada de que o voto é a plenitude da democracia e o exercício da cidadania é apenas um velho discurso repetido nas reportagens de TV e nas inserções da Justiça Eleitoral.

Na política real, o jogo é bruto. Ganha quem tem mais dinheiro para despejar na campanha e no dia da eleição.

E ponto final.

Fonte: Blogue do Ed Wilson

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