Quem não leu, precisa ver “O nobre deputado”, livro resultado
da tese de doutoramento do juiz Márlon Reis.
Nesta obra, o magistrado mostra em detalhes como ocorre a
corrupção eleitoral no Brasil, resultando em parlamentos dominados por agiotas,
empreiteiras e bancos.
Poucos escapam a essa regra. No geral, ganha eleição quem
tiver mais dinheiro durante a campanha e decisivamente no dia de votar.
Pela regra, mandato é negócio. Eleição é investimento. Voto
é mercadoria. São os três mandamentos da democracia liberal.
ELEITOR CORRUPTO
A radicalidade da corrupção eleitoral é tão violenta que
produziu uma inversão na via de compra do voto, transformando a ampla maioria do
eleitorado em um segmento tão corrupto quanto o candidato.
Antes de fazer qualquer promessa, geralmente mentirosa, o
político é cobrado antecipadamente pelo eleitor descrente de tudo.
Durante a campanha, a compra é feita mediante tanques de
gasolina, favores diversos, consultas, internações, contratos temporários de
trabalho, mensalinhos, desvios de dinheiro, pagamento diário de cabos
eleitorais, quitação de contas de água e luz, crédito de celular etc.
No jogo mais bruto, entram os agiotas e as empreiteiras,
financiando campanhas em troca de contratos futuros.
RESSARCIMENTO E CONTRADITÓRIO
No dia da eleição, o votante vê no assédio ao candidato a
única oportunidade de tomar, em migalhas, o dinheiro que lhe foi amealhado
durante anos e anos em obras não realizadas, impostos não aplicados ou
simplesmente em verbas desviadas.
É a famosa boca de urna, organizada em exércitos silenciosos
para decidir as disputas na hora do voto.
Óbvio que há eleitores e candidatos não vinculados a essas regras,
mas são minoria cada dia menor. Ainda bem que existem, para legitimar o
contraditório.
Alguns candidatos buscam o chamado voto de opinião,
concentrado em um segmento supostamente mais esclarecido e crítico, com
relativa autonomia financeira, que não depende dos favores generalizados da
política.
Essa é a exceção. Na regra, eleição é negócio. A maioria dos
mandatos é comprada. No varejo e no atacado.
Essa conversa fiada de que o voto é a plenitude da
democracia e o exercício da cidadania é apenas um velho discurso repetido nas
reportagens de TV e nas inserções da Justiça Eleitoral.
Na política real, o jogo é bruto. Ganha quem tem mais
dinheiro para despejar na campanha e no dia da eleição.
Fonte: Blogue do Ed Wilson
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