No Uruguai, o país mais seguro da América Latina, a população vai se pronunciar no domingo, junto com as eleições nacionais, se apoia um projeto de redução da idade penal das pessoas de 18 para 16 anos, em caso de crimes graves. Pedra no sapato do Governo do presidente esquerdista José Mujica, o clamor por mais segurança levou a uma campanha que tem como principal apoiador o candidato à Presidência pelo Partido Colorado, Pedro Bordaberry.
O abaixo-assinado a favor da redução superou em mais de 100 mil assinaturas as 250 mil necessárias para a realização do plebiscito. “A reforma que é votada com ‘sim’ estabelece, em primeiro lugar, que a lei penal proteja as vítimas do crime e os cidadãos honestos”, disse Bordaberry durante um ato na reta final de uma campanha. Filho do, sucessivamente, ex-presidente e ex-ditador de 1972 a 1976, Juan María Bardaberry, Pedro ocupa o terceiro lugar nas preferências dos eleitores, com 15% das intenções de voto, de acordo com pesquisas.
O ex-presidente de 2005 a 2010, Tabaré Vázquez, o primeiro da esquerda da história do país, lidera as pesquisas seguido por Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (PN). Por sua vez, é filho do também ex-presidente de 1990 a 1995, Luis Alberto Lacalle.
Bordaberry está praticamente sozinho contra a esquerda e dezenas de organizações sociais e internacionais, como o Unicef. Fabiana Goyeneche, porta-voz do movimento contrário à redução, disse que estudos nacionais e internacionais ”mostram que não se reduz o índice de criminalidade baixando a idade penal”. Pelo contrário, ”pode ser pior para a segurança, já que os adolescentes que são presos com frequência saem mais violentos”, acrescentou.
A proposta busca baixar de 18 para 16 anos a idade penal em caso de homicídios, lesões graves, roubo, extorsão, sequestro e estupro, entre outros crimes. Segundo o ranking Global Peace Index 2014, que desde 2007 classifica 162 países, o Uruguai é o país mais seguro da América Latina, uma posição à frente do Chile e 28 lugares atrás do país mais seguro do mundo, a Islândia. No entanto, para muitos uruguaios, a sensação crescente de insegurança é um tema que causa transtornos para a esquerda desde a sua chegada ao poder, há quase 10 anos. No primeiro semestre de 2014, esse país sul-americano de 3,3 milhões de habitantes registrou 138 homicídios, nove deles cometidos por adolescentes.
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