Sob gritos de “Dilma guerreira da pátria brasileira”, a presidente fez o primeiro discurso após ser afastada do exercício do cargo, por volta das 11h15 desta quinta-feira (12). Cercada por ex-ministros dela e parlamentares, ela voltou a dizer que o processo de impeachment é um “golpe” e uma “farsa jurídica”.
Dilma prometeu que continuará a se defender.
— Vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para exercer o meu mandato até o fim, até o dia 31 de dezembro de 2018.
Na fala, a presidente lembrou que já sofreu as dores da tortura (durante a ditadura militar) e da doença (do linfoma que teve), mas disse que agora sofre outro tipo de dor.
— Agora eu sofro mais uma vez a dor inominável da injustiça. O que mais dói é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política, mas não esmoreço, olho para trás e vejo tudo o que fizemos, olho para a frente e vejo tudo o que precisamos e podemos fazer.
Sem citar o nome de Michel Temer, ela disse que é um “risco” o País “ser dirigido pelo governo dos sem voto”.
— Um governo que não terá legitimidade para impor e implementar soluções. Um governo que será a grande razão para a continuidade da crise política no País.
Agradecimento
Após o discurso, ela saiu do Palácio do Planalto e foi até uma área externa, onde cumprimentou apoiadores. No local, também estava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma recebeu flores e falou com o grupo.
— Hoje é um dia muito triste, mas vocês conseguem fazer com que a tristeza diminua.
A presidente afastada agradeceu a presença e o apoio de todos e voltou a falar que é vítima de um golpe e que lutou durante toda a sua vida e que agora não será diferente.
— Agradeço a todos os movimentos, a todas as pessoas que foram às ruas dizer um não do tamanho do Brasil ao golpe. Tenho certeza de que vamos nos manter unidos, mobilizados e em paz. Nós somos aqueles que sabem lutar a luta cotidiana, que sabem resistir e não desistem nunca.
Dilma falou também que esse processo que acabou com seu afastamento foi liderado pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha.
— Quem começou e deu início a esse golpe o fez por vingança, o fez porque nós nos recusamos a dar ao senhor Eduardo Cunha os votos da Comissão de Ética para que ele fosse absolvido (...). Eu não sou mulher para aceitar esse tipo de chantagem.
Por volta das 12h10, Dilma deixou o Planalto e se dirigiu para o Palácio da Alvorada.
Dilma é notificada de afastamento
Após uma sessão que durou mais de 20 horas, o Senado aprovou por 55 votos a 22 a admissibilidade do processo de impeachment contra Dilma. Como consequência, ela é afastada pelo prazo máximo de 180 dias, para que transcorra o julgamento. Michel Temer (PMDB) assume o cargo.
A derrota no Senado já era esperada pelo governo. No Diário Oficial da União de hoje, estão as exonerações de 25 ministros de Dilma, incluindo Lula, que chegou a ser empossado para a Casa Civil, mas por determinação do Supremo, não chegou a exercer o cargo.
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