Seleção de rúgbi de Fiji comemora após conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos
imagem: Phil Noble/Reuters
O simples fato de ter pisado no gramado do Estádio de Deodoro já foi um feito e tanto para o time de rúgbi de Fiji.
O país, que tem pouco mais de 900 mil habitantes, conquistou sua primeira medalha olímpica nesta quinta-feira (11), ao atropelar o Reino Unido por 43 a 7 na final. O ouro representa o primeiro pódio da ilha desde que iniciou sua participação olímpica, em 1956.
Não foi propriamente uma zebra, já que o esporte é popular entre as pequenas ilhas do Pacífico. Fiji já havia sido duas vezes campeão mundial na modalidade sevens - em que os times têm sete jogadores de cada lado, em vez de 15 -, justamente a modalidade estreou no programa olímpico neste ano.
A surpresa é que Fiji brilhou apesar dos problemáticos obstáculos que enfrenta.
Enquanto seus principais rivais contam com uma infraestrutura que por vezes permite aos atletas dedicação exclusiva aos treinos - a Nova Zelândia, por exemplo, levou um mito do esporte, Sonny Bill Williams, para a luta por medalhas - Fiji trouxe ao Rio jogadores que dividem a bola oval com empregos como o de carcereiro, cortador de cana e carregador de mala em hotéis de luxo da ilha.
Ben Ryan, treinador britânico que assumiu o time de Fiji em 2013 quase que por curiosidade, contou à imprensa internacional que ficou os primeiros cinco meses sem receber os salários e que a federação esportiva do país sequer tinha dinheiro para colocar gasolina no ônibus para levar os jogadores aos treinos. E ainda teve o ciclone Winston.
Ryan, porém, tinha em mãos atletas com talento de sobra. Ao longo do tempo, os fijianos aprenderam a driblar a pobreza para jogar rúgbi. Nas peladas da criançada, a bola oval é improvisada com garrafas e chinelos - algo como o tradicional futebol com bola de meia no Brasil.
“Aprendemos a jogar com paixão e minha geração foi recompensada com essa chance de fazer história na Olimpíada”, afirmou o capitão da seleção, Osea Kolinisau.
A paixão pelo rúgbi em Fiji é tamanha que até o premiê Frank Bainimarama estava na arquibancada em Deodoro.
O político, porém, já perde em popularidade para o britânico Ryan - o treinador não pode andar nas ruas da ilha sem ter que posar para selfies incontáveis. E aparentemente tem visto seu nome se tornar popular entre os bebês que nascem por lá.
A ilha do pacífico foi atingida por um violento ciclone em fevereiro, cujo estrago foi catastrófico - mais de 40 mil casas destruídas e 44 mortos. Entre os desabrigados, estavam jogadores.
Mas uma vez na Rio-2016, o que não faltou foi vontade para aproveitar uma chance histórica.
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