quinta-feira, 11 de agosto de 2016

EX-PADRE IRLANDÊS DIZ QUE VANDERLEI O TRAIU E EXIGE PEDIDO DE DESCULPAS

Cornelius Horan, ex-padre irlandês, derrubou Vanderlei Cordeiro de Lima nos Jogos de Atenas-2004 
 (Foto: Koji Sasahara/AP)

Cornelius Horan, o ex-padre irlandês que agarrou Vanderlei Cordeiro de Lima na parte final da maratona dos Jogos Olímpicos de 2004, não gostou de ter visto o brasileiro acender a pira olímpica. E ainda exigiu um pedido de desculpas por parte do brasileiro.

Cornelius expressou em um longo texto o quanto está ressentido em ver a consagração do atleta brasileiro, principalmente porque acha que Vanderlei só recebeu a honraria por sua causa.

"Eu me sinto totalmente traído pelo Vanderlei", escreveu o ex-padre irlandês, que foi excomungado pela Igreja Católica. "Quando o vi subir os degraus e a ascensão do caldeirão olímpico, eu pensei comigo mesmo: 'Você não teria feito tudo isso se não fosse por mim'. Não tenho dúvidas de que foi só por causa do incidente em Atenas que ele foi o escolhido", continuou.

E agora é a vez do ex-padre querer um pedido de desculpas. Não mais seu ao brasileiro pelo ocorrido em Atenas, e sim uma retratação por parte do próprio Vanderlei.

"Vanderlei me chamou de religioso fanático. Eu considero este é um insulto apavorante. Peço para retirá-lo. Penso que agora ele deve me pedir desculpas, e não eu a ele. No começo eu tinha uma grande admiração por ele, pela sua dignidade e espírito esportivo depois do meu ataque contra ele em Atenas. Todo o meu respeito por ele se foi agora completamente. Meu sangue ferveu quando o vi tomar o cenário central na cerimônia de abertura no Rio", acrescentou.

Vanderlei Cordeiro de Lima foi o escolhido para ser o responsável por acender a pira olímpica, uma das maiores honrarias que um atleta pode receber em nome de seu país. Ele entrou na vaga de Pelé, que não participou por motivos de saúde.

Vanderlei Cordeiro acendeu a Pira Olímpica no Maracanã e causou a revolta de Cornelius Horan

Confira, abaixo, a carta enviada pelo ex-padre irlandês à ESPN, na íntegra:

Aqui estão alguns dos meus pensamentos sobre Vanderlei:

1) Uma raiva intensa: Quando o vi subir os degraus e a ascensão do caldeirão olímpico, eu pensei comigo mesmo: 'Você não teria feito tudo isso se não fosse por mim'. Não tenho dúvidas de que foi só por causa do incidente em Atenas que ele foi o escolhido. Minha amiga Fernanda me disse que Atenas o fez famoso no Brasil, como, aliás, o fez em todo o mundo. Medalhas de ouro olímpicas são justamente são recebidas e trazem honra e respeito, mas mais limitados principalmente ao período imediatamente sucessivo aos Jogos. Vanderlei tornou-se um ícone nacional.

Ele tornou-se muito mais que um esportista. Isto deve ser devido não a qualquer medalha que ele ganhou, mas por causa do 'assalto' em cima dele feito por um excêntrico 'Padre Irlandês', que é como os brasileiros me chamam. Nem ele, nem mesmo os organizadores não me mencionaram na cerimônia de abertura, o que me pareceu muito ruim. Para mim, Vanderlei é praticamente culpado por roubar, utilizando de fama obtida inteiramente por minha causa. O mínimo que ele poderia fazer seria reconhecer.

2) Eu nunca quis colocar as mãos nele em Atenas. O que eu quis fazer era: segurar um cartaz enquanto a maratona passava. Eu acredito que a 'Providência Divina' interveio, como acredito que os anjos têm enorme controle sobre as coisas aqui na Terra. No entanto, eu apenas senti que eu deveria desculpar-me com o Vanderlei. Eu fiz isso em duas cartas que eu mandei para ele, nos primeiros dias depois dos Jogos de 2004. Mandei uma pela Fernanda Duarte, correspondente em Londres do jornal 'O Globo'. Ela traduziu em português e enviou ao Vanderlei. 

3) No decorrer dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, cinco estações de televisão do Brasil me entrevistaram, bem como o jornal 'O Globo'. A maioria deles veio à minha casa em Nunhead, onde eu vivia então. Nunhead é no sul de Londres. Em cada entrevista, eu me desculpei com o Vanderlei, em sua língua nativa, o português. Eu disse que gostaria de ir para o Brasil, e encontrá-lo. Eu gostaria de desculpar-me de frente a ele. Eu também gostaria de fazer minha dança para ele, para sua família, ao Conselho Olímpico do Brasil e ao povo brasileiro. Pedi aos entrevistadores para se certificar de que o Vanderlei iria receber a minha mensagem. Eles me garantiram que iriam fazer isso.

4) Eu visitei o Brasil em fevereiro passado por 12 meses. Eu fiquei com a família da Fernanda Amproso Rodrigues. Eles moram em Itu, que é uma cidade perto de São Paulo. Passei duas semanas. Primeiro eu quero, eu mandei um e-mail para Carlos Artur Nuzman, presidente do Conselho Olímpico, em que fiz as mesmas considerações sobre o Vanderlei. Apenas quatro dias depois da minha chegada, 'Periscópio', o jornal local de Itu, publicou um artigo na primeira página da minha visita, juntamente com uma foto minha.

5) O Vanderlei não respondeu a nenhuma destas mensagens. Nem mesmo Carlos Artur Nuzman. Eu me sinto totalmente traído pelo Vanderlei. Eu me sinto desiludido com o Nuzman.

6) O Vanderlei me atacou e atacou a minha religião. Fernanda me disse que ele tem dito muitas vezes na TV brasileira: 'Não vou encontrá-lo, ele só está à procura de publicidade'. Minha resposta é sempre a mesma: Estou à procura de publicidade. Para quê? Para mensagens bíblicas que eu acredito que deva falar, especialmente as profecias sobre a segunda vinda de Cristo e o estabelecimento do Reino. Cristo ordenou aos seus pregadores 'Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho'. A palavra significa 'proclamar' - que é exatamente o que estou fazendo. A parte mais importante dela.

7) Vanderlei me chamou de religioso fanático. Eu considero este é um insulto apavorante. Eu considero isso como um ataque: à minha religião, minhas convicções mais profundas, ao Reino, também sobre a Bíblia e o próprio Cristo. Peço para retirá-lo. Penso que agora ele deve me pedir desculpas, e não eu a ele.

8) No começo eu tinha uma grande admiração por ele, pela sua dignidade e espírito esportivo depois do meu ataque contra ele, pela sua ascensão à fama após origens humildes. Era exatamente o tipo de oprimido que eu sempre admirei. Foi com satisfação que recebeu a medalha Pierre de Coubertin.

9) Todo o meu respeito por ele se foi agora completamente.

10) Meu sangue ferveu quando o vi tomar o cenário central na cerimônia de abertura no Rio. Eu ainda espero que Deus o abençoe e lhe dê um lugar no Reino.

11) O que estou fazendo agora? Meu trabalho principal é o aconselhamento: às pessoas que sofrem de depressão, ou sofrem de doenças mentais. Em segundo lugar, eu faço um monte de escritas sobre a Profecia. Em terceiro lugar, vou para uma série de eventos em Londres. Fui várias vezes durante o recente referendo.

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