A última dose, sobredose, dose excessiva ou overdose. Estes são os termos utilizados de forma científica para se denominar a exposição do organismo a uma grande quantidade de doses de uma substância química, seja, um medicamento ou uma entorpecente. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) revelam que no ano passado quatro pessoas morreram por overdose na Ilha e, dentre eles, duas vítimas eram menores de idade. No decorrer deste mês, três corpos já deram entrada no Instituto Médico Legal (IML), localizado no Bacanga, com suspeito do óbito de sido também ocasionado por excesso de droga.
A direção desse instituto informou que esses três casos de suspeitas de óbito por overdose ocorreram ainda nas duas primeiras semanas deste mês. A maioria das vítimas era oriunda de unidades de saúde da capital. Os corpos dessas vítimas, primeiramente, foram submetidos à necropsia e, logo após, submetidos ao exame toxicológico e de alcoolemia.
Esses exames periciais têm como objetivo detectar a ingestão ou exposição às substâncias tóxicas, entorpecentes e outras substâncias intoxicantes. O sangue dessas vítimas é retirado e analisado pelos peritos do Instituto de Criminalística (Icrim), enquanto, o resultado é previsto para sair no máximo de 30 dias.
No ano passado, os peritos do Icrim por meio desses exames periciais constataram quatro óbitos por overdose. Um dos primeiros casos teve como vítima, identificada como Luis Henrique das Neves Barbosa, de 32 anos, morador do Coroadinho. A segunda vítima, um adolescente, de 15 anos, também era moradora dessa área e o caso foi registrado no mês de julho.
As outras duas vítimas foram Wilson José Nascimento da Silva, de 27 anos, morador da Vila Nova, mês de outubro; e Lilian Galvão dos Santos, de 17 anos, residia na Vila São Luís, em dezembro do ano passado.
Overdose
“Muitos falam que a overdose é a última dose ou a dose mortal”, declarou o diretor do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), localizado no Monte Castelo, Marcelo Costa. Ele declarou que somente neste mês esse centro já atendeu 320 viciados de drogas. Dentre esses atendimentos, um total de 80% eram usuários de crack e o outro restante viciado em outros tipos de entorpecentes.
Ele disse que a maioria dos óbitos por overdose, no Maranhão, foi ocasionada pelo uso em excesso do crack. Um produto oriundo da mistura da pasta base da cocaína com bicarbonato de sódio e sendo ingerido por meio de uma lata, cachimbo ou seda (em forma de cigarro). A partir do momento em que essa entorpecente é ingerida em alta quantidade os rins e o fígado do usuário não conseguem eliminar de forma total esse produto, que acaba ocasionando de imediato um ataque cardiorrespiratório e, na maioria das vezes, resultando em mortes.
A morte por overdose também é ocasionada pelo uso em excesso do loló e do álcool. Para Marcelo Costa, o loló é uma substância entorpecente de preparo clandestino e caseiro. Em geral, ela é originada de uma mistura de álcool etílico, clorofórmio, éter e até mesmo de essência de frutas ou de bombom.
Ainda segundo Marcelo Costa, a quantidade em excesso dessa entorpecente também ocasiona ataque cardiorrespiratório. Já o excesso da bebida alcoólica prejudica a circulação do oxigênio e provocando o coma alcoólico. “Muitos casos de coma alcoólico é irreversível”, afirmou o diretor do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do Monte Castelo.
Operação resgate
O delegado titular do 1º Distrito Policial, Joviano Furtado, é coordenador da Operação Resgate. Este trabalho vem sendo realizado há mais de quatro anos na Ilha e 800 usuários de drogas já foram retirados das ruas e conduzidos para fazer o tratamento médico, psicológico e social. “O resgate dos usuários de drogas das ruas evitam a morte por overdose, assaltos, homicídios dolosos, latrocínios e o comercio de droga”, afirmou o delegado.
Ele disse que dos quatro assassinatos ocorridos no mês passado na área do Centro de São Luís três destes casos tiveram ligação com o tráfico de entorpecentes, ou seja, o acusado e a vítima tinham passagem pela polícia pelo crime de venda de droga.
Joviano Furtado declarou que a Operação Resgate é feito de forma freqüente com a participação de vários profissionais como médicos, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e policiais e sempre visando as cracolândias, localizadas no Centro, João Paulo, Cohab, Cohama, Barreto, Cidade Operária, São Francisco e dentre outros bairros da Ilha. Os usuários de entorpecentes são recolhidos da rua e encaminhados para os Caps ou outras unidades de saúde onde são submetidos a tratamentos.
Até a próxima quarta-feira vai ser realizada mais uma etapa desse trabalho operacional, segundo o delegado, o ponto alvo vai ser as imediações do Mercado Central, no Centro. “Essa etapa vai se concentrar no Centro da cidade e vamos tentar recolher o máximo de usuário de drogas para fazer o tratamento de recuperação”, informou o delegado.
Números
4 óbitos por overdose no ano passado na Ilha.
3 pessoas já morreram este ano com suspeitas de uso excessivo de droga.
320 viciados de drogas já foram atendidos este mês no Caps do Monte Castelo.
800 usuários de entorpecentes já foram retirados durante a Operação Resgate em quatro anos na Ilha.
Saiba mais
Overdose pode ser acidental
- A overdose é a exposição a doses excessivas de uma droga e provocando a falência de órgãos vitais como coração e pulmões.
- A overdose pode ser dividida entre acidental e provocada, fatal ou não, sendo difícil estabelecer um critério para cada uma dessas situações.
- Na maioria dos casos, ela ocorre quando o usuário busca maiores efeitos, perdendo o controle das doses.
Fonte: Imirante
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