domingo, 5 de março de 2017

MORTE POR LINCHAMENTO TEM ALTO ÍNDICE NA ILHA

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Morte de Cleidenilson Pereira da Silva, o Xandão, amarrado a um poste em 2015, repercutiu no mundo
 (Foto: Biné Morais / O ESTADO)

Números altos e alarmantes de pessoas mortas por linchamento este ano na Região Metropolitana de São Luís. Seis casos já foram registrados, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), três deles ocorreram durante o período carnavalesco. No ano passado, de acordo com o monitoramento realizado pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), ocorreram 27 casos desse tipo de crime na Grande São Luís, que resultaram em 29 mortes. No interior do estado foram registrados 11 casos, com 13 óbitos. Em 2015 ocorreram 15 mortes em decorrência de espancamento na Ilha.

O caso mais emblemático em 2015, no dia 6 de julho, foi o que resultou na morte de Cleidenilson Pereira da Silva, o Xandão, de 29 anos, que foi espancado até a morte e amarrado com cordas em um poste, no Jardim São Cristóvão. O crime repercutiu no país e oito pessoas foram indiciadas por homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio. O caso foi investigado pela Polícia Civil e todos os acusados foram presos, mas beneficiados com um habeas corpus estão respondendo ao processo em liberdade.

Período de Carnaval

No período de Carnaval deste ano três pessoas foram mortas por espancamento na Ilha. Uma das últimas vítimas foi Gabriel Costa dos Prazeres, de 21 anos, que, de acordo com as informações da polícia, era morador de rua e usuária de droga. Na Terça-Feira de Carnaval, Gabriel Costa teria sido espancado por homens não identificados dentro do antigo prédio do Sioge, localizado nas proximidades do Mercado Central, no Centro.

Ele ainda foi levado para o Hospital Municipal Socorrão I, mas morreu na noite da última quinta-feira. O corpo dele foi removido para o Instituto Médico Legal (IML), no Bacanga, e somente na manhã de sexta-feira, 3, foi liberado para os familiares.

No Domingo de Carnaval, 26, ocorreram sete assassinatos na Ilha, entre estes, dois casos por espancamento. O adolescente Gleidson Rodrigues Pereira, de 17 anos, foi agredido fisicamente e morto a tiros desferidos por criminosos que agem na área da Vila Vicente Fialho.

A outra vítima morta por espancamento foi Daniel Berg de Oliveira Cardoso, de 33 anos, na Estiva. Esses crimes estão sendo investigados pela Superintendência de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP) e até a tarde de sexta-feira, 3, não havia registro de prisão dos acusados.

A polícia também informou que a agente de saúde Roseane Rodrigues da Silva, de 40 anos, foi espancada e atropelada por um homem identificado apenas como Paraíba das Confecções. O fato ocorreu em Panaquatira, na cidade de São José de Ribamar, na noite do dia 19 de fevereiro deste ano.

O namorado da vítima, nome não revelado, disse que estava com Roseane Rodrigues em um bar, na entrada de Panaquatira, ingerido bebida alcoólica, quando em determinado momento, a agente de saúde teria discutido com o acusado dentro do estabelecimento comercial.

Após deixarem o bar, a caminho de casa, o casal foi abordado por Paraíba da Confecção, que agrediu Roseane Rodrigues fisicamente e em seguida passou com o seu veículo, um Siena, de placas não anotadas, por cima do seu corpo. A agente de saúde morreu no local e o suspeito fugiu.

Tentativa de linchamento

Na manhã de sexta-feira, 3, o ex-presidiário Ronilson Pinheiro Pereira, de 21 anos, foi linchado por populares, dentro de um coletivo que faz linha Janaina/Riod, no Anel Viário. O sargento Sodré, lotado no 1º Batalhão da Polícia Militar, disse que Ronilson Pereira teve acesso ao ônibus no Terminal da Praia Grande e logo depois, portando um canivete, anunciou o assalto.

O criminoso ainda chegou a roubar celulares e bolsas de alguns passageiros, mas os passageiros, revoltados, reagiram e o agrediram fisicamente. A situação foi contornada com a chegada da Polícia Militar, que livrou o assaltante de um linchamento. Ronilson Pinheiro foi primeiramente conduzido ao Hospital Municipal Socorrão I para atendimento médico e em seguida foi apresentado no 1º Distrito Policial, no Centro. “Esse criminoso está no regime semiaberto, já que responde pelo crime de roubo. Ele deixou o presídio no mês de junho do ano passado”, informou o policial.

Mais ocorrências

A polícia registrou dois casos de linchamento com mortes na Ilha em menos de 24 horas. A primeira vítima foi Jadiel Pinheiro, Galaxy, de 23 anos, fato ocorrido no dia 1º de janeiro deste ano, na Vila Cascavel. Os policiais quando chegaram ao local encontraram a vítima no solo, com várias marcas de agressão física pelo corpo.

Os militares chegaram a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas o homem já estava sem vida. No relatório da SSP, consta que ele foi vítima de homicídio doloso (quando há a intenção de matar) por arma de fogo. Ainda segundo a polícia, Jadiel Pinheiro foi tentar assaltar uma pessoa, mas não conseguiu.

Ele foi perseguido por moradores da área e agredido violentamente com pedradas, o que resultou em sua morte. Nos anos de 2014 e 2015, Galaxy havia tido passagens pela polícia por roubo qualificado com emprego de arma de fogo e roubo com o concurso de pessoas (com uma quadrilha).

Já a outra vítima foi morta no dia 2 de janeiro, na Vila Kiola, em São José de Ribamar. O caso ocorreu na Rua Princesa Ângela, por volta de 22h30 e foi registrado por policiais do 13º Batalhão de Polícia Militar (13º BPM), responsável por fazer o patrulhamento na região. De acordo com essa unidade policial, um homem, sem identificação, tentou invadir uma residência para roubar, no entanto, não conseguiu.

Ele caiu do telhado da residência e saiu correndo, invadiu outro imóvel na mesma rua. Pessoas residentes na área, revoltadas, o agarraram e o agrediram. Quando uma viatura da Polícia Militar chegou ao local, encontrou o homem amarrado a um poste.

O assaltante foi socorrido e levado para o Hospital Municipal Socorrão II, mas não resistiu e morreu naquela unidade de saúde. O corpo foi levado para o IML e no relatório da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), a causa da morte do homem está sendo investigada.

Saiba Mais

Pessoas mortas espancadas este ano

Dia 1º de janeiro de 2017: a vítima foi Jadiel Pinheiro, de 23 anos, na Vila Cascavel

Dia 2 de janeiro de 2017: vítima sem identificação e o caso ocorreu na Vila Kiola

Dia 19 de fevereiro de 2017: Roseane Rodrigues da Silva, de 40 anos, foi espancada e atropelada, em Panaquatira.

Dia 26 de fevereiro de 2017: as vítimas foram o adolescente Gleidson Rodrigues Pereira, de 17 anos, na Vila Vicente Fialho; e Daniel Berg de Oliveira Cardoso, de 33 anos, na Estiva.

Dia 28 de fevereiro de 2017: Gabriel Costa dos Prazeres, de 21 anos, foi espancado por homens não identificados, dentro do antigo prédio do Sioge, no Centro, e morreu na última quinta-feira, no Socorrão I

Números

29. Foi o número de pessoas mortas por espancamento no ano passado na Região Metropolitana de São Luís, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública

6 pessoas já foram mortas este ano por linchamento, três delas no período de Carnaval, entre elas um adolescente espancado na Vila Vicente Fialho

Fonte: Imirante

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